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terça-feira, 7 de junho de 2011

As Narrativas

O CICLO NARRATIVO

Nos textos essencialmente narrativos, predominam as frases verbais, que indicam um processo, estamos nos referindo a uma sucessão de estados ou de mudanças. É exatamente isso que acontece num texto narrativo: uma seqüência de acontecimentos (portanto, há uma progressão temporal) que levam a uma transformação, a uma mudança.
Dessa forma, a narrativa tem como ponto de partida uma situação inicial, que se desenvolve para chegar a uma situação final, diferente da inicial.
  • Situação inicial(ou apresentação) – o(s) personagem(ns) é (são) apresentado(s) numa determinada situação temporal e espacial;
  • Desenvolvimento(complicação) – apresenta-se um conflito, e a ação se desenvolve até chegar ao clímax e,em seguida, a um desfecho;
  • Clímax: é o ponto culminante da história, o de maior tensão, quando o conflito atinge seu ponto máximo, gerando ansiedade no leitor.
  • Situação final.(desfecho)- passado o conflito, o(s) personagem(ns) é (são) apresentado(s) em uma nova situação – há claros indícios de transformação, de mudança em relação ao início da narrativa.
A ficção - do realismo ao fantástico

Um dos textos mais antigos sobre o conceito de arte literária é a Poética, de Aristóteles (384-322 a.C.). Nesse texto clássico o filósofo grego afirma que “arte é imitação”. E justifica: “o imitar é congênito do homem,e os homens se comprazem no imitado.” Ou seja, o imitar faz parte da natureza humana e os homens sentem prazer nisso.
Segundo Aristóteles o artista recria a vida ,mostrando-nos não como ela é, e sim como poderia ser. Daí o artista criar obras de ficção.
A palavra ficção vem do latim fictio, que deriva do verbo fingere, cujo significado é “modelar”, “criar”, “inventar”. Ao se identificar uma narrativa como ficcional, observa-se nela uma realidade criada, imaginária, não real
.Dessa forma, os acontecimentos, numa narrativa ficcional, simulam uma situação possível, inventada ou recriada pelo autor a partir da realidade (Verossimilhança)
Na Literatura, a ficção é uma das características da obra literária, pois ela sempre apresenta uma interpretação particular, original e subjetiva da realidade. Toda narrativa ficcional é construída a partir de elementos da realidade (universo real onde o autor está inserido), algumas vezes recheada de elementos fantasiosos, muitas outras com alguns elementos inusitados, outras ainda, com situações e personagens retratados com muita fidelidade; portanto, o universo imaginário pode ser mais ou menos “real”. Podemos dizer, então, que o ficcionismo abrange narrativas que vão desde o universo mais fantástico até o universo realista.

Autor versus narrador

Assim como na poesia podemos distinguir o eu poético e o poeta – aquele, a voz da enunciação criada no poema; este, o responsável pela criação e construção do poema -, reconhecemos na narrativa ficcional o narrador e o autor – aquele, a voz que relata os acontecimentos, este, o responsável pela criação e construção da narrativa.
O narrador é, portanto, uma criação do autor, com o qual pode se assemelhar em menor ou maior escala, ou mesmo não se assemelhar em nada. Como diz Salvatore D’Onofrio: “ o autor pertence ao mundo realidade histórica, o narrador a um universo imaginário: entre os dois mundos há analogias e não identidades”.
O escritor (romansista, contista, novelista) é um ser real que se utiliza de um narrador (se fictício), que, por sua vez, vai nos relatar aquilo que o escritor cria, inventa, imagina..

ELEMENTOS DA NARRATIVA

1. Foco Narrativo: é a perspectiva por meio do qual o narrador relata os acontecimentos da narrativa. Pode-se afirmar que é, ao lado do enredo, a principal definição que o autor faz antes de iniciar a narração.
           De modo geral, a narrativa aparece em primeira ou em terceira pessoa.Daí falar-se em:
  • Foco narrativo de terceira pessoa: o narrador não participa ativamente dos acontecimentos; a narração ganha maior objetividade. Nas narrativas em terceira pessoa, o narrador pode ser onisciente ou observador.
    1. o narrador onisciente/ou intruso conhece toda a história que relata e até os pensamentos dos personagens envolvidos nela, fala com o leitor e julga o comportamento das personagens.;
    2. o narrador observador não conhece toda a história, apenas relata os fatos à medida que eles vão acontecendo; não pode, portanto, fazer antecipações, nem variações no relato da história.
  • Foco narrativo de primeira pessoa:
  1. narrador-testemunha: vive os fatos narrados como personagem secundária, condição em que pode observar os acontecimentos e dar testemunho deles ao leitor, de modo mais direto e verossímel, sem, no entanto, conseguir saber o que se passa no pensamento dos demais personagens, apenas lançar hipóteses sobre o que viu ou ouviu.
  2. narrador-protagonista(ou coadjuvante): vive os fatos como personagem principal.Também não tem acesso aos pensamento das demais personagens e narra acontecimentos limitando-se às suas percepções, pensamentos e sentimentos.

    • Enredo(como?): é a própria trama da narrativa, ou seja, o desenrolar dos acontecimentos. A palavra enredo remete ao campo lexical do ato de tecer, de entrelaçar os fatos. Enredo, ou trama, ou intriga, é podemos dizer, o esqueleto da narrativa, aquilo que dá sustentação à história, o que a estrutura, ou seja, é o desenrolar dos acontecimentos ( é a linha se entrelaçando, formando a malha, a trama, a rede, o tecido, o texto). Geralmente, o enredo está centrado num conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa.
  • Personagens(quem?): a palavra personagem deriva do vocabulário latino persona , que significa “máscara” (no teatro greco-latino os atores utilizavam máscaras para representar os que interpretavam).
O personagem na narrativa pode ser uma pessoa com característica reais ou imaginárias, ou a personificação de animais, ideias, forças da natureza.
Quanto à sua importância na trama, os personagens podem ser principais e secundários.
O personagem principal de um narrativa é chamado de protagonista(o principal ator ou lutador) e, dependendo do escritor e do estilo de época, pode ser apresentado de maneira mais idealizada ou mais próxima do real. O protagonista, via de regra, vai se defrontar com o antagonista – o que luta contra algo ou alguém que já denunciam o conflito.
  • Espaço(onde?) da narrativa é o lugar onde decorre a ação do enredo, onde se movimentam os personagens.Geralmente, a apresentação do espaço é marcada por seqüências descritivas no meio da narrativa. Em algumas narrativas, o espaço ganha importância por assumir o papel de personagem ou por se identificar com um personagem específico, seja por suas características, seja por seu estado emocional. Sendo, portanto físico(ou geográfico) ou social (ambiente).

  • Tempo(quando?): se a narrativa está baseada numa progressão temporal, sem dúvida o elemento tempo é de suma importância para indicar a sucessão das horas, dos dias, dos anos assim como a noção de presente, passado e futuro.
As narrativas podem basear-se num tempo cronológico, ou seja, aquele medido ora pela natureza (a passagem do dia para a noite), ora por mecanismos de medição temporal (como relógio ou a divisão em anos, meses, semanas etc.). O tempo cronológico marca a noção temporal mensurável do enredo. Diferentemente o tempo psicológico, que não é racionalmente mensurável, já que se trata de um tempo que pertence ao mundo interior do personagem. Ele é marcado pelas sensações vivenciadas pelo personagem em relação a um determinado momento temporal: um minuto pode ter uma duração de dez anos ou dez anos podem ter a duração de um minuto.

As várias vozes presentes nos textos
Tipos de discurso (diálogos/monólogos)

Nos gêneros narrativos ficcionais, há três modos básicos de inserir o discurso das personagens no discurso do narrador: o discurso direto, o indireto e o indireto livre. O uso desses tipos de discurso em textos narrativos depende de um conjunto de fatores que convém conhecer. O discurso direto torna a narrativa mais ágil; permite ao leitor visualizar a cena, isto é, enxergá-la como se tivesse assistindo a ela; destaca e valoriza as personagens; reproduz com maior fidelidade o que as personagens falam e o modo como falam de maneira a concentrar toda a carga dramática possível. O discurso indireto ocorre quando o narrador reproduz com suas palavras a fala das personagens. O discurso indireto livre ocorre quando o narrador insere discretamente a fala ou os pensamentos das personagens em sua fala. Esse tipo de discurso atende à postura do narrador que não participa da história, mas se instala dentro de suas personagens, confundindo sua voz com a delas.

GÊNEROS ORAIS E ESCRITOS:
  1. conto maravilhoso;
  2. fábula;
  3. lenda;
  4. narrativa de aventura;
  5. narrativa de ficção científica;
  6. narrativa de enigma;
  7. narrativa mítica;
  8. biografia romanceada;
  9. romance;
  10. romance histórico;
  11. novela fantástica;
  12. novela;
  13. conto;
  14. crônica literária;
  15. adivinha;
  16. piada;
  17. parábola;
  18. etc.
BIBLIOGRAFIA:

Cereja, Willian Roberto
Texto e interação: Willian Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães.
___ 3. ed. Ver. e ampl. __ São Paulo: Atual, 2009.
Terra, Ernani
Práticas de linguagem: leitura & produção de textos/Ernani Terra, José de Nicola.
­­__ São Paulo. Scipione, 2008.
Ferreira, Marina
Redação: palavra e arte: ensino médio/ Marina Ferreira. ___ 2.ed.
___ São paulo: Atual. 2006.